Amazon

Banner 728x90

domingo, 28 de novembro de 2021

... E A ESTÓRIA CONTINUA!

 Para os fãs da literatura de J.R.R. Tolkien, é possível situar em algum lugar de "O Senhor dos Anéis" o momento em que Gandalf diz a um dos hobbits que a histórias nunca acabam, pelo menos não como lendas.

E é com essa verdade que hoje venho apresentar para vocês o que seria uma modestíssima sequência, ou ramificação, se preferirem, dos eventos registrados por Tolkien, os quais infelizmente ele não pode dar continuidade devido à sua morte.

Eu não acredito que qualquer trabalho inspirado por Tolkien deve se prestar a ser uma continuação, por assim dizer. Ninguém jamais dará a vida que o Mestre deu ao seu legado, por outro lado, há aqueles que, com muito cuidado e respeito, podem manter aceso o espírito das estórias, como Gandalf disse: as estórias não podem ter um fim em si.

Assim, fiquem à vontade para apreciar o destino do povo de Durin na Quarta era. 

CLIQUE AQUI

BOA LEITURA!


domingo, 4 de março de 2018

OS ANÕES DEVERIAM TER SIDO AJUDADOS NA GUERRA CONTRA OS ORCS?


Em ‘O Hobbit’, seja no livro ou na trilogia do cinema, é mencionada a Guerra dos Anões Contra os Orcs, ou ‘Azanulbizar’ na língua anã (o conflito serviu de tema para um livro recente ‘A Segunda Guerra dos Anões Contra os Orcs’, de autoria não tolkieniana). A narrativa completa desse conflito se encontra nos Apêndices de ‘O Senhor dos Anéis’.

Tudo começou quando a sombra voltou a crescer na Terra-Média através de Sauron na Segunda Era, quando ainda possuía forma física não repugnante, forjando o Um anel e subjugando os nove anéis dados aos homens, o que não aconteceu com os anéis dados aos anões e elfos, que não se tornaram sombras como os Nâzgul.

Foi nessa época em que os anões de Moria foram mortos ou expulsos, assim como os habitantes da Montanha Solitária, pelas garras do dragão Smaug.

Com o passar do tempo, o rei Thrór, avô de Thorin Escudo-de-Carvalho, cansado da peregrinação sem fim e da penúria, partiu na companhia de um serviçal rumo a Moria, na esperança de reaver ali o que lhes foi tirado pelo dragão. Porém, mal ele adentrou os portões, foi decapitado por ninguém menos que Azog. Houve então uma grande comoção entre os anões, e eles levaram dois anos para reunir todo o seu poder para vingar o velho filho de Durin.

Embora o esforço de guerra dos anões fosse inigualável em fúria e armas, ainda estavam em menor número que os orcs, que os aguardavam na maior parte descansados e encastelados em Moria. A batalha diante dos portões foi inclemente, mas no fim Dáin Pé-de-Ferro arrancou a cabeça de Azog, mas tudo o que os anões conseguiram foi uma custosa vingança: Dáin havia olhado de soslaio pelo portão do velho reino e visto o mal que espreitava em seu interior (se não diz exatamente o que é, provavelmente o Balrog), e preveniu a todos que o melhor a ser feito era voltar para suas vidas errantes. Dentre os anões que sobreviveram, mais da metade, estavam feridos além de qualquer cura ou mutilados.  Este foi o saldo de uma das mais heroicas batalhas da Terra Média.

Dentre as principais raças de Arda, os Anões foram os únicos que nunca se curvaram à Sombra, razão pela qual o Mal os odiava mais do que qualquer outra raça.

Diante de uma vitória tão amarga, fica a pergunta: os anões deveriam ter recebido auxílio, já que combatiam um inimigo comum de elfos, homens e outras criaturas?

Parte da resposta se encontra na característica marcante dos anões de serem extremamente reservados e mesmo arredios em relação às outras raças, especialmente os elfos, a quem detestavam abertamente, como já foi explicado em ‘Origem da Rivalidade Entre Anões e Elfos’. Além disso, eles sempre estavam ocupados nas profundezas de suas minas e opulência, eles não tinham muito interesse em manter relações sólidas com reinos de outras raças.

Com Moria infestada de orcs; Erebor tomada por Smaug; Dalle calcinada; a Cidade do Lago preocupada com o agora vizinho dragão;  Gondor alerta aos movimentos de Mordor; os Elfos da Floresta das Trevas igualmente ocupados com o mal crescente na outrora Floresta Verde; Lothtórien oculta e vigilante no alto das árvores de sua floresta; Isengard já secretamente a serviço de Sauron; Rohan sem qualquer simpatia pelos anões como os elfos, devido a um incidente envolvendo o rei Fram, no início dos Rohirrim, quem matou o dragão Scatha e se recusou a entregar parte do tesouro aos anões que viviam por perto, o que lhe custou a vida – parecia não existir poderio militar disponível para se unir aos anões em sua guerra contra os orcs.

Por outro lado, os anões combatentes, em sua maioria da então depauperada casa de Durin, eram os que menos tinham condições de empreender uma guerra da envergadura que tiveram contra os orcs. Por isso, sou da opinião de que os anões mereciam sim ter sido ajudados, especialmente se levados em conta alguns fatos expostos a seguir.
Na Segunda Era, alguns elfos da linhagem dos Noldor habitavam um reino vizinho a Moria, Eregion (ou Arzevinho), e eles estabeleceram um forte laço com os anões dali, partilhando especialmente do conhecimento de metalurgia.

Em Eregion vivia o renomado Celebrimbor, um dos maiores artífices da Terra-Média (foi ele quem construiu os próprios portões de Moria). Tal renome fez com que Sauron o procurasse para obter auxílio na confecção dos anéis de poder, a principio sob o pretexto de servir como presentes que Sauron, conhecido na época também como ‘Anatar’ por seu hábito de dar presentes, pretendia dar às três principais raças de Arda.
Celebrimbor ajudou de bom grado e ingenuamente Sauron, mas quando o seu trabalho foi concluído, Sauron o aprisionou e torturou e roubou os anéis, forjando ele próprio por fim o Um Anel para controlar os demais.

Eis a questão. Ainda que inocentemente, ao forjar os anéis mágicos por influência de Sauron, este sim com segundas intenções, Celebrimbor mudou o destino da Terra Média – de alguma forma, Sauron precisava de Celebrimbor para executar seu plano, já que é evidente que não poderia fazer todos os anéis sozinho. Tão logo foi descoberto o ardil de Sauron, agora extremamente poderoso com a forjadura do Um Anel, Eregion e Moria fecharam seus portões, e as trevas recobriram a Segunda Era, com a multiplicação dos orcs e todas as criaturas maléficas.
Nesse contexto, portanto, estavam os filhos de Durin, à própria sorte num mundo sob a espreita do mal.

Dizem que os anões cavaram fundo demais em Khazad-dûm (Moria) a ponto de despertar um poderoso Balrog, criatura maligna das entranhas da terra da Primeira Era, e que ele teria sido a sua ruína. Ato contínuo, com os anões dizimados pela criatura terrível, os orcs encontraram no centro daquelas enormes galerias sob as Montanhas Sombrias o covil perfeito para continuarem se multiplicando e perpetrando suas crueldades. Mas isso porque houve condições propícias para tanto, qual seja, a ascensão de Sauron.

Por isso, a morte do rei Thrór não poderia ser interpretada como um evento isolado do povo anão, sendo ao mesmo tempo consequência dos atos de um elfo ludibriado que ajudou sem querer Sauron reunir todo o seu poder através dos anéis e magia. Dessa perspectiva, ao invés de apenas acompanhar tudo à distância, os elfos deveriam ter ajudado sim os anões em sua caçada aos orcs. Ainda, o próprio êxodo dos anões de Erebor está relacionado ao crescimento da sombra em Mordor: Smaug não era exatamente um servo de Sauron, mas era produto das mesmas forças malignas agitadas naquele momento da Terra-Média.

Digo os elfos porque havia uma aliança entre eles e os anões de Moria no passado, o que deveria ter sido levado em conta pelos elfos, que optaram por não tomar parte num confronto que lhes dizia respeito ainda que indiretamente.

Talvez os homens daquele tempo pudessem prestar algum auxílio, mas seria improvável, já que o único reino com poder bélico disponível à altura era Rohan, o qual como já foi dito, tinha uma antiga rivalidade com os anões.
Isso reforça ainda mais os elfos assumirem o papel de aliados dos anões em  Azanulbizar, especialmente pelo legado de Celebrimbor e da aliança que partilharam outrora com os anões.

Não seria necessário que os elfos fizessem frente nas linhas de combate, um batalhão de elfos armados com arcos-e-flechas nas encostas das Montanhas Sombrias e escondidos nas florestas próximas já equilibraria o conflito em favor dos anões, derrotando os orcs com o mínimo de perdas e abrindo caminho para os anões poderem adentrar Moria e talvez até recuperá-la, como quis o rei Thrór, que morreu tentando realizar este feito.

Os anões têm os seus defeitos, mas servir Morgoth ou Sauron, a Sombra, enfim, isso nunca fizeram, e por isso foram tão perseguidos por eles e seus agentes. Quando voltavam sua vontade para o mal, era em nome da ganância por ouro, e nunca pela maldade em si, ao contrário de outras raças, inclusive os elfos. Isso por si só exibe a injustiça que tiveram de passar em Erebor e Azanulbizar.

Por fim, é digno de nota que, naqueles dias, nenhum povo ousou se reuniu para combater os agentes da Sombra e impor-lhe uma perda severa como aconteceu em Azanulbizar.
Mas vamos lembrar que, se J.R.R. Tolkien quis que fosse desse modo, é porque isso tinha importância na trama. O que expus aqui é apenas um viés de como poderia ter sido as coisas, segundo a própria lógica da narrativa. Mas é o autor quem sempre decide os rumos da obra, principalmente se ele é J.R.R. Tolkien.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

MINUTOS DE SABEDORIA DE TOLKIEN

Quando reli 'O Senhor dos Anéis' pela terceira vez, tive o cuidado de destacar algumas frases ditas por alguns personagens notáveis, como Gandalf, Frodo, Elrond e outros, por achá-las de alguma forma especiais do ponto de vista do bom senso e sabedoria que carregam. Assim, tenho a satisfação de partilhá-la com todos. Boa leitura!

Bilbo em seus últimos dias em Valfenda.

  • ‘Isso terá seu preço. Não é natural e terá problemas’ (um hobbit, sobre a longevidade incomum de Bilbo).
  • ‘Eu só podia observar e esperar’ (Gandalf, sobre a dúvida quanto ao Um Anel)
  • ‘Sempre depois de uma derrota e uma pausa, a Sombra toma outra forma e cresce novante.’
  • ‘ Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que os é dado.’ (Gandalf)
  • ‘ Bilbo estava DESTINADO a encontrar o Anel, e não por quem o fez. (Gandalf)
  • ‘Tenho certeza de que ele (Bilbo) foi tão pouco molestado pelo mal, e no final escapou, porque começou a possuir o anel desse modo. Com pena. (...) Quando a hora chegar, a pena de Bilbo pode governar o destino de muitos.” (Gandalf)
  • ‘Muitos que vivem merecem a morte. E alguns que morrem merecem viver. Você pode dar a eles a vida? Então não seja tão ávido para julgar e condenar alguém à morte. (Gandalf, sobre Gollum).
  • “O  conselho é uma dádiva perigosa, mesmo dos sábios para os sábios, e tudo pode dar errado.”
  • “E ainda era meio-dia, hora que espanta os temores”.
  • “A simples estada ali representava uma cura para o cansaço, o medo e a tristeza.” (Valfenda)
  • “Não há nada que possa fazer, a não ser resistir com ou sem esperança.”
  • “A traição sempre foi nosso maior inimigo”.
  • “É perigoso aprofundar-se demais nas artes do inimigo, para o bem ou para o mal”.”
  • “Devemos buscar um fim definitivo para essa ameaça, mesmo que não tenhamos esperança de alcançar tal objetivo.”
  • “Pois nada é mau no início.”
  • “E (você) poderá encontrar amigos em seu caminho, quando menos esperar.”
  • “Desonesto é aquele que diz adeus quando a estrada escurece.” (Gimli a Elrond)
  • “Mas vamos pensar nisso quando chegar a hora.”
  • “O clima pode ser um inimigo mais fatal que qualquer outro.
  • “Quando cabeças são perdidas, corpos deve servir, como dizemos em nossa terra (Gondor).”
  • “Absurdamente simples, como a maioria dos enigmas quando você descobre a resposta.”
  • “Mesmo na escuridão, e apesar de todas as curvas da estrada, ele sabia aonde desejava ir, e não vacilou, enquanto havia um caminho que conduzia na direção de seu objetivo.”
  • “Vamos ter que nos arranjar sem esperanças.”
  • “Aqui tudo é maravilhosamente silencioso.”
  • “Nunca faça uma viagem sem uma corda.” (Samwise)
  • “Mas não despreze a tradição que vem de anos longínquos, talvez as velhas avós guardem na memória relatos sobre coisas que alguma vez foram úteis para o conhecimento dos sábios.”
  • “Pois assim são os modos deste mundo: encontrar e perder.”
  • “O rio é uma trilha que não se perde.”
  • “Não se sabe o dia de amanhã. O nascer do sol geralmente traz um bom conselho.”
  • “É papel de um homem discerni-los (o bem e o mal), tanto na Floresta Dourada como na sua própria casa.”
  • “Algumas coisas é melhor começar do que recusar, mesmo que o fim possa ser escuro.”
  • “Não é necessário preocupar-se com o que o amanhã poderá trazer. Em primeiro lugar, porque o amanhã trará certamente coisas piores que hoje, ainda por muitos dias vindouros. E não há mais nada que eu possa fazer para evita-lo.
  • “Não estrague essa maravilha com a pressa.”
  • “É o seu destino, talvez, trilhar caminhos que outros não ousam.”
  • “O golpe apressado geralmente se perde.”
  • “Pela manhã os conselhos são melhores, e a noite altera muitos pensamentos.”
  • “Quando a vontade não, caminhos se abrem.”
  • “Nas horas de desespero a recompensa pela gentileza pode ser a morte.” (Denethor)
  • “Pode haver planos que não sejam nem as teias dos magos nem a pressa dos tolos.”
  • “Um traidor pode trair-se a si mesmo e fazer o bem que não pretende.”
  • “Mas se ficássemos em casa sem fazer nada o destino nos encontraria de qualquer jeito, mais cedo ou mais tarde.”
  • “Aquele que dá o primeiro golpe, se o golpe tiver força suficiente, pode não precisar dar mais golpes.”
  • “Uma arma traiçoeira é sempre perigosa para quem a empunha.”
  • “Esperança não é vitória.”
  • “Naquele desespero, meu inimigo era a minha única esperança.” (Gandalf, sobre sua luta contra o Balrog).
  • “Mas a notícia que vem de longe raramente é verdadeira.”
  • “Más notícias não fazem bons hóspedes.”
  • “Os sábios só falam do que conhecem.”
  • “Não tenho conselho a dar para os que se desesperam.” (Gandalf)
  • “Naquela direção está nossa esperança, lá onde está nosso maior medo. Mas ainda há esperança, se conseguirmos resistir imbatíveis por um tempo.” (Sobre Mordor)
  • “Um coração fiel pode ter uma língua rebelde.”
  • “A aurora é sempre a esperança dos homens.”
  • “O mundo muda, e tudo o que certa vez se mostrou forte agora se mostra incerto.”
  • “Ninguém sabe o que o novo dia trará.”
  • “O dia poderá trazer novos conselhos.”
  • “Você não está sem aliados, mesmo que não os conheça.”
  • “Mas estamos destinados a dias como este.”
  • “Alguém que, numa necessidade, não consegue jogar fora um tesouro está acorrentado.”
  • “É difícil saber, como essas pessoas más, quando estão unidos e quando estão unidos e quando estão enganando uns aos outros.”
  • “E será que você já é sábio o suficiente para detectar todos os disfarces dele?” (Gandalf, sobre Saruman.
  • “Estou velho, e já não temo perigo nenhum.” (Rei Théoden).
  • “Um rei deve escolher seus amigos com cautela.”
  • “Com grande frequência o ódio fere a si mesmo.”
  • “As coisas transcorrerão como devem, e não há necessidade de nos apressarmos aos encontro delas.”
  • “Mas você não planejou cobrir todo o mundo com suas árvores e sufocar todos os outros seres vivos.” (Gandalf, sobre os planos de domínio de Saruman).
  • “Sim, vencemos, mas foi apenas a primeira vitória, e isso em si aumenta o nosso perigo.”
  • “O perigo chega na noite e quando menos esperamos.”
  • “Estranhos poderes têm nossos inimigos, e estranhas fraquezas!”
  • “Fomos estranhamente favorecidos pela sorte.”
  • “Homens sábios não confiam em encontros casuais pela estra nesta terra.”
  • “Mas sua vida tem algum encantamento, ou o destino o poupa para algum outro fim.” (Sobre Frodo).
  • “As notícias de morte têm muitas asas.”
  • “Mais valia uma desconfiança imerecida do que palavras incautas.”
  • “Palavras belas podem ocultar um coração maligno.”
  • “Raramente nos vangloriamos, e então confirmamos nossas palavras ou morrermos na tentativa.” (Cavaleiro de Rohan)
  • “O servo tem um direito sobre o mestre pelos serviços prestados, mesmo se prestados por medo.”
  • “E se eu voltar atrás, recusando a estrada em seu fim amargo, haverá lugar para mim entre elfos e homens?”
  • “Devo tomar as trilhas que puder encontrar. E não há muito tempo para procurar.”
  • “Podem cometer erros, até mesmo os chefões podem.”
  • “E mais uma vez fica demonstrado que as aparências podem dar uma ideia falsa sobre o homem.”
  • “Até que meu senhor me libere, ou a morte me leve, ou o mundo acabe.” (Juramento de Pippin a Denethor).
  • “Fidelidade com amor, coragem com respeito, perjúrio com vingança.” (O juramento de Pippin).
  • “Não impedi, pois ações generosas não devem ser reprimidas por conselhos frios.”


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

AS FLORESTAS DAS TREVAS

O rei élfico Fingolfin desafia Morgoth, o Senhor do Escuro (O Silmarillion).


Com o tempo, após graduar-me em Literatura estrangeira e ler centenas de livros, dentre os quais os clássicos das literaturas Inglesa e Francesa, aí incluídos a magnífica e vasta literatura de Tolkien, eu observei um ponto comum em todas as elas.

Basicamente, todas as obras, e as de Tolkien deixam isso mais evidente, é a questão da escuridão que assedia os corações, seja através de um poder escuro maléfico, seja por essa própria escuridão manifesta numa caverna, numa prisão, ou numa floresta.

É assim com Bilbo e a Companhia do Anel, que devem atravessar a obscura Floresta das Trevas ou as profundezas de Moria. É assim com Dante Alighieri, que precisa atravessar a escuridão tenebrosa de uma ‘selva oscura’ antes de ingressar na sua jornada pelo Inferno em ‘A Divina Comédia’, é assim com João e Maria, que perdidos numa floresta ambientada em escuridão igualmente assustadora, precisam vencer a bruxa má.

A lista desse arquétipo se estenderia sem fim. O heroi do conto de fadas, não apenas como gênero, mas como narrativa de luz e trevas, via de regra precisa trilhar caminhos de árvores retorcidas, trevas e perigos, e somente pela sua determinação e coragem ele alcançará o fim de sua jornada renovado e iluminado, apesar de suas roupas em farrapos e sua mente levada aos limites da sanidade.

Por isso, o contraste luz - trevas na literatura de Tolkien, seja através das Silmarils/Morgoth, Galadriel/Sauron, Arkenstone/Smaug, Bilbo/Um Anel, retrata como nenhum evento da realidade o embate dessas forças que fazem com que cada um de nós vivamos nosso próprio conto de fadas.

Que a luz, então, prevaleça em nossos caminhos!


Aurë Entuluva!

domingo, 23 de outubro de 2016

NOTÍCIAS DE TOLKIEN: A Segunda Guerra dos Anões Contra os Orcs

Quem é fã de 'O Hobbit' certamente já ouviu falar da terrível batalha de Azanulbizar, a qual inclusive está relacionada à chave de Erebor que Gandalf dá a Thorin em 'O hobbit'.

A batalha foi protagonizada pelos anões contra os orcs nos portões do reino de Moria, e teve um desfecho terrível para ambas as partes - embora vencedores, os anões perderam grande parte de seu contingente e não puderam recuperar seus reinos perdidos.


A capa do livro.

A herança maior desse conflito foi um ódio sem dimensões entre as duas raças, o qual nem o tempo pode apagar. Foi assim que, durante a Quarta-Era, quando os elfos já tinham ido embora para sempre para fora do mundo e os homens se ergueram como senhores absolutos da Terra-Média, os anões tiveram que reunir forças mais uma vez para vingar mais uma atrocidade cometida pelos orcs, e recuperar uma preciosa relíquia antiga de suas mãos malditas.

Foi assim que teve início a Segunda Guerra dos Anões Contra os Orcs, de autoria de Marcus Knight, pela editora MCS, um especialista em guerras e fã da literatura de Tolkien.

O mapa da Terra Média na Quarta-Era


Infelizmente, o livro ainda não possui tradução em português, mas para aqueles que se dão bem com a lingua mãe do mestre Tolkien, vale a pena conferir! 

O link da obra na Amazon:


E existe uma grande possibilidade do modesto escriba deste blog apresentar uma tradução em Português da obra neste blog, na forma de novelas com 5 a 10 páginas semanais... Tudo o que é necessário para isso acontecer é a sua visita e interesse, caríssimo leitor!

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

DE NOVO, UM ANEL!

Recentemente, a imprensa nacional, e certamente a internacional noticiou maravilhadas o encontro de um anel que reapareceu após décadas perdido no mar. O melhor é que o anel foi parar direto na mão do seu antigo dono, que jamais esperaria reaver a joia, na verdade uma aliança de casamento.

Ainda bem que era só uma aliança. Se o Um Anel de Sauron não tivesse sido derretido na Montanha de Perdição, eu ficaria extremamente preocupado... Bem dito o que um dos sábios disse no Conselho de Elrond: se o Um Anel fosse lançado ao mar, ele encontraria um meio de retornar.

Proeza semelhante somente Déagol foi capaz de fazer, e pagou com a vida sob a loucura do amigo Sméagol.

Mas a história não para por aí. Até onde eu me lembro, dois dos três aneis élficos tiveram paradeiro desconhecido. dos 7 anéis anões, a maioria foi destruída pelos dragões, mas os restantes, como o anel de Thrór, também estão desaparecidos. E os nove dos homens, cuja magia pérfida cedeu com a queda de Sauron, tanto podem ter se desintegrado quanto podem ter caído da mão das sombras desfeitas de seus portadores como meras joias gastas pelo tempo e pela maldade.



Houve uma época em que eu encontrava anéis com muita facilidade - desde alianças até anéis valiosos que iam para o dedo das minhas cortejadas, além de meras bijuterias pisoteadas e sem valor. Mesmo sabendo que a história o Anel era um conto de fadas, eu nunca deixei de acreditar no poder 'místico' que certos objetos carregam consigo, como tais aneis perdidos - para os antigos, é o famoso 'feitiço'.

No imaginário popular e na literatura, não raro aneis são objetos de poder e magia por ser um objeto de uso fácil e comum, sem falar no seu valor com joia. E como venho insistentemente pregando, os mitos sempre carregam um fundo de verdade, existem forças que circulam pelo mundo e se depositam nesses objetos desgarrados - basta lembrar o que aconteceu com a queda de Sauron: sua sobre se dispersou no extremo norte, e de certo modo, o legado de sua magia negra permaneceu na Terra-Média. 

Gandalf ilustra muito bem essa verdade quando fala de sua luta contra o Balrog as alturas imensuráveis de um pico: quem olhasse para cima e visse o fogo e o raio, acharia que tudo não passava de uma tempestade e um pequeno incêndio...

E é assim que nossos olhos incrédulos buscam racionalizar tudo. O anel de que falei no começo voltou para seu dono do fundo mar pelo simples acaso? Haveria razão capaz de encontrar esse anel no fundo do mar e levá-lo à mão do dono?

Ainda citando Gandalf: Bilbo estava destinado a encontrar o anel por uma força que não era a de Sauron.

Coisas fantásticas acontecem muitas vezes sob o nome do acaso, mas são termos muitos vagos para eventos tão precisos, especiais e decisivos.