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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Thorin: Uma vontade de aço



UMA VONTADE DE AÇO
Contam as lendas dos dias antigos que os anões foram feitos para serem especialmente resistentes e obstinados com o propósito de vencer as dificuldades que o Senhor do Escuro e seus seguidores colocariam em seu caminho como “andarilhos do mundo”.
Certamente por isso, os sete reis anões que receberam de Sauron, o Abominável, sete anéis para transformá-los em sombras e arrastá-los para escuridão, nunca foram vitimados por este terrível infortúnio, ao contrário dos reis dos homens, que se transformaram em espectros invisíveis do Um anel de Sauron (os “nazgûl”).
E  Thorin Escudo de Carvalho, melhor do que qualquer outro anão, honrava a reputação de sua raça.
Ele ganhou este curioso nome quando, ainda jovem para a contagem dos anões, lutava juntamente com seu pai e seu povo contra os orcs numa longa e terrível batalha (a Batalha de Azanulbizar), quando foi ferido e teve seu escudo partido.
Thorin foi forçado a recuar junto de seu exército, mas sua vontade não era tão fraca quanto seu escudo. Ele se levantou e cortou um galho de carvalho para substituir o escudo quebrado, e voltou para a batalha, que ao final foi vencida pelos anões, com perdas além do que suas lágrimas poderiam chorar.
Enquanto andaram sobre o mundo, os orcs tremeram ao ouvir falar dos feitos de Thorin e seu povo nessa guerra.
Entretanto, ela não foi o bastante para dar de volta a Thorin e seu povo um lar à altura de Erebor, de onde foram expulsos pelo terrível dragão Smaug, lançando-os à miséria, forçando muitos a mendigar.
Mas esse não era o destino de Thorin. Vendendo seu trabalho como ferreiro e mineiro, ele sabia que seus braços permaneceriam fortes até que a oportunidade de empunhar armas mais afiadas surgisse.
Além disso, a cada dia, a vontade de justiçar seu povo e retomar o que era seu se tornava tão forte como um aço lentamente forjado.
Fonte: O Senhor dos Anéis, O Hobbit, e O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Gollum e o Anel: Duas vontades, um só destino



DUAS VONTADES, UM SÓ DESTINO

Quando Isildur, senhor de Gondor, derrotou Sauron arrancando-lhe o Um Anel da mão e tomando-o para si, ao invés de destruí-lo para sempre nas chamas da Montanha da Perdição, ele ignorava que a joia era mais do que um objeto carregado de magia negra: ele era a própria vontade e força de Sauron.
Exatamente por isso, Isildur pagou com a própria vida, quando o Anel escorregou-lhe do dedo revelando-o para os orcs que o caçavam, mergulhando nas profundezas de um rio até ser recuperado por um hobbit chamado Déagol, quem pescava na companhia de seu amigo Sméagol.
Tal como fizera com Déagol, o brilho do Um Anel seduziu Sméagol de tal forma que possuí-lo tornou-se seu único desejo desde então, ainda que para tanto devesse matar seu amigo e praticar outras coisas terríveis.
Sméagol também ignorava a força maléfica do anel, e não demorou para que ela surtisse seus trágicos efeitos naquele pobre ser.
Desfigurado, em farrapos, e rejeitado pelos seus, tudo o que restou a Sméagol, que passou a ser conhecido como “Gollum” pelo som que deixava escapar de sua garganta, foi rastejar para as profundezas escuras das montanhas, onde por séculos dedicou atenção exclusiva ao seu “precioso”, o anel que ele passou a amar acima de qualquer coisa, até de si próprio.
Como foi dito, o anel tinha vontade própria, e seu maior desejo era voltar para a mão de seu mestre, Sauron. Gollum, em sua cobiça pura e simples, havia ficado tempo demais com ele, e nada mais pretendia  a não ser usá-lo para seus propósitos mesquinhos.
Então, mais uma vez, o anel abandonou a mão que o carregava, surgindo no caminho de outro hobbit: Bilbo Bolseiro.
Seu destino como portador do Um Anel seria mais feliz do que o de Sméagol, quem, apesar de sucumbir ao seu poder maligno, demonstrou ter uma vontade superior – graças à obsessão de Gollum, o Um Anel não apenas ficou praticamente fora do alcance de Sauron por mais de 500 anos, como a acabaria por encontrar o seu fim.
Fontes: O Hobbit e O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Um anjo peregrino

UM ANJO PEREGRINO

Para muitos dentre os seres humanos e hobbits, Gandalf era apenas um mago que podia transformá-los em coisas repugnantes e fabricar incríveis fogos de artifício.
Com efeito, poucos sabiam que aquela figura idosa sempre com um chapéu pontudo e um cajado, que viajava sem cessar de um canto a outro da Terra Média, era um poderoso espírito das terras imortais, enviado especialmente para salvar o mundo.
Conhecido também como Mithrandir (“Peregrino Cinzento”) para os elfos e Tharkûn (“Elfo do Cajado”) pelos anões, Gandalf chegou na Terra Média na 3ª Era, com a missão especial de salvá-la de Sauron, o Abominável.
Em sua profunda sabedoria e percepção, ele se interessou e afeiçoou pelos hobbits, por achá-los surpreendentes e dotados de uma força ímpar, apesar de não evidente, em relação às outras criaturas.
Quando Bilbo encontrou seu anel, o mago teve a oportunidade de descobrir o verdadeiro poder dos hobbits, e juntamente com eles, cumprir sua missão de salvar o mundo.

Fontes: O Silmarillion, O Hobbit, O Senhor dos Anéis.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tolkien: As dificuldades em "pintar" um mundo


 TOLKIEN: AS DIFICULDADES DE “PINTAR” UM MUNDO

Sobre as obras do escritor inglês J.R.R. Tolkien, só pode haver consenso sobre o fato de que as estórias que se desenrolam na “Terra Média” apresentam uma riqueza ímpar de detalhes.
Não por acaso, conceber um mundo desde os mitos de sua criação até os vários seres que o habitam com seus variados costumes e línguas, preencheram intensamente quase toda a vida do escritor, incansável no seu processo de criação e revisão.
Contudo, por mais que certamente quisesse, Tolkien não podia permanecer imerso em sua “Arda” (a Terra) quando os eventos do mundo real exigiam sua atenção e mesmo sua presença arriscada e a contragosto.
Tudo começou nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando, doente no hospital de campanha do Exército britânico, começou escrever “O Simarillion” (criação de Arda, suas raças, revoluções e conflitos até os dias da Terceira Era, quando se passa “O Senhor dos Anéis”) e também esboçar os idiomas élficos.
 Tolkien manteve seu ritmo durante os anos de crise econômica mundial na década de 30, quando publicou “O Hobbit”.
 E, notavelmente durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), época em que seu país era destruído pelos constantes bombardeios nazistas, além dos rigores que o esforço de guerra britânico impunham, o autor finalmente concluiu sua consagrada trilogia na década de 50.
A vida criativa do autor não foi permeada apenas pelas dificuldades históricas da humanidade, mas também por problemas de ordem pessoal, sempre vencidos pela sua tenacidade e paixão pela sua arte.
Apesar de declaradamente não gostar de alegorias (histórias simbólicas), especialmente no que dizia respeito à sua literatura, Tolkien escreveu um conto em que retrata através de seu personagem principal os dramas e impasses que vivenciou enquanto escritor e desenhista (sim, Tolkien também fazia desenhos sobre o que escrevia).
“Leaf by Niggle”, ou “A folha de Niggle”, fala sobre um pintor anônimo, Niggle, que pretende desenhar uma árvore folha por folha, minuciosamente, até ser absorvido por outros detalhes, como a floresta ao redor, tornando o desenho mais complexo e exigindo cada vez mais dedicação de Niggle.
Entretanto, ele adoece e é levado para uma instituição onde precisa se envolver com afazeres alheios ao seu projeto pessoal de desenhar.
Tolkien reconhece a sua relação com o personagem de Niggle em uma carta a Caroline Everett, em 24 de junho de 1957, quando admite a mesma busca por riqueza de detalhes e obstáculos para concluir “O Senhor dos Anéis”.
Amante de árvores, Tolkien intitulou o conto inicialmente como “The Tree” (A árvore). Escrito entre 1938-39 e publicado em 1945, A folha de Niggle é mais comumente encontrado no livro do autor “Tree and Leaf” (Árvore e Folha), ou em coletâneas de ensaios e poemas curtos de Tolkien.
Através de guerras e dificuldades pessoais, Tolkien “pintou” um mundo maravilhoso, em todos aspectos.
Certamente, aqui se observa um novo consenso: valeu a pena.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Para os visitantes que ainda não viram, retomarei aqui a série de desenhos e crônicas de minha autoria sobre os personagens de "O Hobbit", do escritor inglês J.R.R. Tolkien. Começarei, logicamente, pelo seu personagem principal, Bilbo Bolseiro.


A GRANDEZA DE UM PEQUENO
Uma pequena e pacata criatura, assim poderia ser descrito Bilbo, um hobbit como qualquer outro do Condado, apegado à sua rotina e ao aconchego de seu lar.
Mas, depois de receber a visita repentina de Gandalf, o mago, e aceitar seu “contrato” em busca de um tesouro, sua vida não seria mais a mesma.
Talvez nem mesmo o mago em sua profunda sabedoria esperava a dimensão do papel de Bilbo Bolseiro numa jornada que a princípio seria recuperar um tesouro roubado por um dragão.
Na verdade, nem mesmo os mais sábios que andavam sobre o mundo naquele tempo poderiam prever que em breve o destino de tudo recairia sobre os frágeis ombros do mais frágil e ignorado povo que existia então.
Seria melhor dizer em suas mãos: as delicadas, pequeninas e ágeis mãos de Bilbo se mostrariam as mais aptas do que a de qualquer mago, elfo, anão ou homem para conter um poder imenso e terrível incrustado num anel dourado.
Ambos, o anel e o hobbit, pequeninos, simples e delicados, contudo inesperadamente poderosos, estavam destinados um ao outro, talvez exatamente por essa irônica semelhança.