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sábado, 18 de maio de 2013

Como Thorin e os Anões Salvaram a Terra Média

Bilbo e os anões chegam na Cidade do Lago descendo o rio em barris


Não raro, os anões são uma raça mal compreendida – à primeira vista, parecem exclusivamente teimosos, pouco sociáveis, ambiciosos, isso somado à sua aparência “pouco simpática” para alguns.

De fato, os anões não são um povo tão “feliz” quanto os elfos – a razão disso, em grande parte, é que Sauron os detestava particularmente e não media esforços para colocá-los em dificuldades, como será visto a seguir.

Outro equívoco bastante comum, partilhado até pela crítica, é o de que Thorin, o líder do grupo de anões em “O Hobbit” seria especialmente “arrogante”...

Como senhor de uma das sete casas dos anões, é de se esperar que ele tenha comportamento um tanto soberbo, mas é discutível que ele seja meramente tratado como “arrogante”, pois como tal, ele jamais procederia como é narrado em “O povo de Durin”, Apêndices de “O Senhor dos Anéis”:

“(...) Como então seria possível destruir Smaug (o dragão)? Foi no momento em que Gandalf estava sentado ponderado sobre essas coisas que Thorin parou diante dele e disse: - Mestre Gandalf, conheço-o apenas de vista, mas agora ficaria feliz em conversar com você. (...) Pois dizem que você é sábio e conhece melhor do que qualquer um o que acontece no mundo; há muitas coisas que me preocupam e ficaria feliz em me aconselhar com você.”

Indivíduos arrogantes não são conhecidos por reconhecer a sabedoria alheia e solicitar educadamente conselhos.

Os anões são novamente injustiçados com a falta de reconhecimento pela sua participação decisiva na salvação da Terra Média do poder de Sauron.

Em “O Silmarillion”, J.R.R. Tolkien conta que os anões foram criados para serem fortes e obstinados para resistir às dificuldades e trevas do mundo onde habitariam. 

Com efeito, quando planejou subjugar toda a Terra Média através de seus Anéis de Poder, Sauron não conseguiu dominar nem ler a mente dos senhores das 7 casas dos anões que receberam os sete anéis a eles destinados. O seu único efeito sobre os anões era aumentar seu desejo por riqueza, e torná-los mais ricos. Ao perceber que seu ardil se tornara inútil com os anões, Sauron passou a odiá-los e a perseguí-los, especialmente para tirar-lhes os anéis.

Não fosse o desejo feroz de Thorin de derrotar Smaug e retomar Erebor, o que lhe custou a própria vida, de Fíli e Kíli e muitos anões, ainda que movido por um desejo pessoal de vingança contra Smaug, provavelmente o terrível poder de Smaug aliado às forças de Sauron ao norte poderia ter mudado o curso da Guerra do Anel e da jornada de Frodo para destruir o Um Anel (Com a expedição de Thorin, Smaug acabou sendo morto pelo arqueiro Bard, o que acaba desencadeando a Guerra dos Cinco Exércitos, cujo saldo é a derrota dos orcs e a reocupação de Erebor e Valle, os dois bastiões que contiveram as forças de Sauron no Norte enquanto Frodo chegava à Montanha da Perdição).

Em relação a isso, o próprio Gandalf diz a Frodo e Gimli:

- Senti pela morte de Thorin – e agora ficamos sabendo que Dáin morreu (primo de Thorin, com sua morte, ele tornou-se o “rei sob-a-montanha” em Erebor), lutando em Valle mais uma vez, ao mesmo tempo que lutávamos aqui. (...).
- Mas, apesar disso, as coisas poderiam ter sido muito diferentes, e muito piores. Quando vocês pensam na grande Batalha do Pelennor (diante de Gondor, em “O Retorno do Rei”) não devem se esquecer das batalhas de Valle e da coragem do povo de Durin (o povo de Thorin/ Erebor). Pensem no que poderia ter acontecido. Fogo de Dragão e espadas cruéis em Eriador (região onde fica o Condado), noite em Valfenda. Poderia não haver rainha em Gondor (Arwen, a filha de Elrond, Senhor de Valfenda que se casou com Aragorn, ou “Elessar”, rei por direito do trono de Gondor). Poderíamos agora ter esperanças de retornar da vitória para encontrar apenas cinzas e ruinas. Mas isso foi evitado – porque eu encontrei Thorin Escudo de Carvalho certa noite no início da primavera em Bri. (...)” (“O povo de Durin”, Apêndices de “O Senhor dos Anéis”) (grifo nosso).

Antes desses fatos, ainda, por várias vezes, Sauron, quem já havia recuperado 3 dos 7 anéis dados aos reis das sete casa dos anões (4 haviam sido incinerados pelos dragões, enquanto que um deles foi tomado de Thráin, pai de Thorin, capturado, torturado e morto por agentes de Sauron), mandou mensageiros aos anões, dizendo que se eles recuperassem um “anel de pouca importância” que estava com um “ladrão” (referência a Bilbo), ele lhes devolveria os 3 anéis que ainda existiam. 

Os anões, certamente por saberem quem era Sauron e o que pretendia, nunca responderam às suas ofertas. Glóin, um dos seguidores de Thorin em O Hobbit e pai de Gimli, parceiro e amigo do famoso elfo Legolas em “O Senhor dos Anéis”, procuraram Elrond, Senhor de Valfenda, a quem contaram tal oferta em busca de conselhos, cuja consequência foi a mobilização de forças para encontrar e destruir o Um Anel (o Conselho de Elrond/ a Sociedade do Anel) (em Apêndices de O Senhor dos Anéis).

Convém mencionar por último, mas não menos importantes, os memoráveis feitos dos anões durante a Primeira Era, na “Batalha das Lágrimas Incontáveis” (Nirnaeth Arnoediad, em élfico), cujo desfecho foi trágico para os homens e elfos que enfrentaram Morgoth, a personificação suprema do mal em Arda. Segue o relato da bravura dos anões nas próprias palavras de J.R.R. Tolkien em “O Silmarillion” (Editora Martins Fontes):

“Últimos de todas as forças orientais a se manterem firmes foram os anões de Belegost, e assim conquistaram renome. Pois os naugrim (como os elfos chamavam o povo anão) suportavam o fogo com maior resistência do que elfos ou homens. Além disso, era seu costume usar em combate máscaras enormes, horríveis de contemplar. E essas lhes foram de grande valia contra os dragões. E, se não fossem eles, Glaurung (um dos mais terríveis dragões da época) e sua prole teriam queimado tudo o que restava dos noldor (um dos povos élficos). Os naugrim, porém, fizeram uma roda em torno de Glaurung quando ele os atacou. E mesmo sua poderosa armadura não era totalmente invulnerável diante dos golpes dos terríveis machados dos anões. E quando, em sua ira, Glaurung se voltou e derrubou Azaghâl, Senhor de Belegost, e se arrastou sobre ele, num último golpe Azaghâl enfiou-lhe no ventre uma faca, ferindo-o de tal modo que ele fugiu do campo de batalha; e as feras de Angband (a fortaleza de Morgoth), amedrontadas, fugiram atrás dele.”

Assim, por mais que os anões pensem demais em minérios e vivam trancados dentro de suas montanhas, seus feitos de bravura garantiram contribuíram decisivamente para a derrota do mal na Terra Média.