Bilbo de volta à sua toca
Por
volta do ano de 1050 da Terceira Era, os Periannath
(como eram chamados em élfico) são citados pela primeira vez nos registros
da época, quando chegaram a Eriador (a
região junto à costa noroeste da Terra-Média). Ignora-se, porém, como surgiram
e por que atravessaram sob risco as Montanhas Sombrias e a Grande Floresta ao
leste, conforme contam suas histórias mais antigas, embora alguns dentre eles
alegassem o crescimento do número de homens ali, ou “Pessoas Grandes”, como
eles os chamavam, e o surgimento de uma sombra que caiu sobre a floresta, a
qual passou a ser chamada Floresta das Trevas (tal poder era Sauron, na época
fazendo-se passar por “O Necromante”, ocupando a fortaleza de Dol Gudur ali
para reorganizar seu poder maligno).
O
próprio Tolkien fala a respeito da origem desse povo no prólogo de “O Senhor
dos Anéis”: “É fato que, apesar de um
estranhamento posterior, os hobbits são nossos parentes, muito mais próximos
que os elfos, ou mesmo que os anões. (...) A origem dos hobbits se situa nos
Dias Antigos, agora perdidos e esquecidos.”
A
origem do nome “hobbit”, como eles chamavam a si próprios, jaz igualmente
esquecida. Os homens os chamam de “Pequenos”, os elfos, como já citado, “Periannath”. Uma sugestão pode ser
encontrada na palavra usada pelos homens de Rohan, a Terra dos Cavaleiros, para
nomeá-los, “holbytla”, evidentemente
um cognato entre as duas línguas, que quer dizer “construtor de tocas”.
Somente
em 1601 eles são citados como fonte histórica, quando os irmãos Cascalvas Marcho e Blanco deixaram Bri (uma
remanescente de suas comunidades mais antigas) acompanhados por muitos hobbits
para habitar as terras que seriam conhecidas como “Condado”, sob a permissão do
rei Argeleb II de Arnor, reino-irmão de Gondor, fundado por Elendil, pai de Isildur
(Ver “O Senhor dos Anéis), o qual naquele tempo ainda não havia chegado ao fim.
Com a queda de Arnor, os hobbits se apoderaram das terras do rei e nela viveram
conforme seu costume.
Ainda
no prólogo da obra citada, Tolkien fornece numerosos detalhes sobre o perfil
geral de um hobbit: eram pequenos, medindo entre 60 cm e 1,20 metros, tinham
dedos longos e hábeis, seus pés tinham solas grossas e eram cobertos por pelos
grossos e encaracolados, geralmente de cor castanha, como seus cabelos, razão
pela qual raramente usavam sapatos. Seus rostos eram simpáticos, com olhos
brilhantes e bochechas vermelhas. Gostavam de brincar, comer e beber, sempre
que possível, faziam cinco refeições por dia. Suas roupas eram de cores vivas,
preferencialmente o verde e o amarelo. Moravam, em geral, em tocas escavadas e
confortavelmente no chão, mas alguns viviam em construções na superfície da
terra.
Entre
si, os hobbits se diferenciavam em três raças distintas: Os “Pés-peludos”, os quais tinham a pele
mais escura, eram menores e mais baixos, e preferiam morar em regiões
montanhosas, e tinham afinidade com os anões. Os “Grados” (povo ao qual pertencia Sméagol,
ou “Gollum”) eram mais corpulentos,
com pés e mãos maiores, preferiam regiões planas e banhadas por rios, e
aproximavam-se com mais facilidade dos homens. Finalmente, os “Cascalvas” tinham estatura maior,
cabelos e pele mais claros, e gostavam mais de árvores e florestas, e se
entendiam melhor com os elfos.
Nunca
foram um povo dado a guerras, de modo que nunca houve um assassinato entre
hobbits no Condado até a funesta chegada de Saruman
após a Guerra do Anel. O único conflito armado anterior no Condado foi a
“Batalha dos Campos Verdes”, em 2747, quando Brandobras Tûk expulsou um bando de orcs na Quarta Sul (também
conhecido como “Urratouro”, mencionado no filme “O Hobbit”, era parente de
Bilbo).
Contudo,
nem mesmo sob a enganosa impressão de que o mundo inteiro era tão tranquilo
quanto o Condado, os hobbits eram um povo fraco. Pelo contrário, a paz os fez
de tal modo fortes, que se fossem obrigados pelas circunstâncias, se tornavam
destemidos, ferozes até, e eram capaz de suportar grandes privações. Se
necessário, facilmente manejavam armas, e eram exímios arqueiros, assim como em
tudo que exigisse boa pontaria, graças aos seus olhos acurados.
À direita: "um povo discreto, agora pouco numeroso"...
Até
os dias da partida de Bilbo, os hobbits viveram com paz e satisfação dentro dos
limites de suas terras. Mas ignoravam que isso só era possível graças aos “Guardiões”, homens remanescentes do
decaído reino de Arnor, quem impediam a aproximação de qualquer mal do Condado.
O próprio Tolkien observa sobre este aspecto dos hobbits: “um povo discreto, agora pouco numeroso, amantes da paz e tranquilidade
assim como da vida no campo. Nunca gostaram de máquinas mais complexas do um
moinho ou um tear manual.”
Além
de tudo, o que os torna uma raça especial, dentre outras coisas, é sua
habilidade de desaparecer rápida e silenciosamente, principalmente para evitar
os homens, o que, segundo Tolkien, atualmente tem sido habitual, devido ao
medo. Tal capacidade é mais associada a uma arte do que a uma magia, e poucos seres
conseguem fazê-la tão bem quanto eles.
Assim,
graças a essa maneira singular de ser, os hobbits passaram a maior parte de sua
existência na Terra Média sem serem de fato percebidos. Porém, após Bilbo
Bolseiro ter encontrado o Anel no ano de 2942, o Condado não passou mais
despercebido pelos outros povos da Terra Média, surpreendendo mesmo os mais
sábios dos sábios da época com seus feitos contra Sauron.
Juntamente
ao seu tio Bilbo, Frodo Bolseiro, ao levar para destruição o Um Anel de Sauron, garantiu que os
hobbits jamais seriam esquecidos, pondo fim à Terceira Era da Terra Média e do
império de terror de Sauron.
Linguagem
Não
há registros da língua primitiva dos hobbits, anterior à sua chegada a Eriador,
ou mesmo a Bri, onde já teriam adotado a língua dos homens que viviam no local.
Da mesma forma, em Eriador, começaram a utilizar a Língua Geral, ou Westron,
e adotar a forma escrita dos dúnedain,
o povo de Arnor .
Contudo,
vestígios se sua língua original podem ser verificados em algumas palavras e
nomes de locais, que guardam semelhanças com outras encontradas no reino de Rohan e na cidade de Valle, além de nomes próprios.