O rei élfico Fingolfin desafia Morgoth, o Senhor do Escuro (O Silmarillion).
Com o tempo, após graduar-me
em Literatura estrangeira e ler centenas de livros, dentre os quais os
clássicos das literaturas Inglesa e Francesa, aí incluídos a magnífica e vasta
literatura de Tolkien, eu observei um ponto comum em todas as elas.
Basicamente, todas as obras, e
as de Tolkien deixam isso mais evidente, é a questão da escuridão que assedia
os corações, seja através de um poder escuro maléfico, seja por essa própria
escuridão manifesta numa caverna, numa prisão, ou numa floresta.
É assim com Bilbo e a
Companhia do Anel, que devem atravessar a obscura Floresta das Trevas ou as
profundezas de Moria. É assim com Dante Alighieri, que precisa atravessar a
escuridão tenebrosa de uma ‘selva oscura’ antes de ingressar na sua jornada
pelo Inferno em ‘A Divina Comédia’, é assim com João e Maria, que perdidos numa
floresta ambientada em escuridão igualmente assustadora, precisam vencer a
bruxa má.
A lista desse arquétipo se
estenderia sem fim. O heroi do conto de fadas, não apenas como gênero, mas como
narrativa de luz e trevas, via de regra precisa trilhar caminhos de árvores
retorcidas, trevas e perigos, e somente pela sua determinação e coragem ele
alcançará o fim de sua jornada renovado e iluminado, apesar de suas roupas em
farrapos e sua mente levada aos limites da sanidade.
Por isso, o contraste luz - trevas
na literatura de Tolkien, seja através das Silmarils/Morgoth, Galadriel/Sauron,
Arkenstone/Smaug, Bilbo/Um Anel, retrata como nenhum evento da realidade o
embate dessas forças que fazem com que cada um de nós vivamos nosso próprio
conto de fadas.
Que a luz, então, prevaleça em
nossos caminhos!
Aurë Entuluva!