Thorin na Batalha de Azanulbizar
No filme “O Hobbit”, fica evidente a inimizade entre os orcs
e os anões, especialmente da parte do anão Thorin Escudo de Carvalho.
As origens desta diferença não estão na obra “O Hobbit”, e
no filme é corretamente apontada na “Batalha de Azanulbizar”, a guerra entre os
orcs e os anões, que na descrição do próprio Tolkien, “foi longa e mortal,
travada em sua maior parte nos lugares profundos embaixo da terra”.
Outra discórdia bem marcada no filme, porém não tão mortal,
está entre os anões e os elfos, a qual é perceptível também em O Senhor dos
Anéis, especialmente através de Legolas e
Gimli, quem depois se tornam amigos.
Em O Hobbit das telas, ela teria começado quando os elfos se recusaram a
prestar ajuda ao povo de Durin quando Smaug atacou Erebor.
Na verdade, os atritos entre anões e elfos se iniciaram nos
dias da Primeira Era no universo de Tolkien, por razões que nada dizem respeito
a Smaug ou aos dragões. Na verdade, tal assunto merece um post próprio adiante.
Concentremo-nos, pois, na Batalha de Azanulbizar, ou para os
elfos, Nanduhiron, a guerra dos anões
contra os orcs (Azanulbizar era o nome do vale onde a guerra foi definida). Com
a destruição do reino de Erebor por Smaug, como já foi comentado no post “Uma
vontade de aço” (novembro), seu povo ficou abandonado à própria sorte.
O rei de Erebor então, Thrór (cuja riqueza e poder são bem
frisados no filme), com a mente perturbada pela perda de sua riqueza, resolveu ir
a Moria (Os salões abandonados que Frodo e seus companheiros atravessam em “A
sociedade do Anel”), na esperança de recuperar sua opulência de outrora.
Uma vez lá, ele adentrou os portões abertos, mas foi surpreendido
e decapitado por Azog (o mesmo que aparece
no filme), líder dos orcs que haviam ocupado Khazad-dûm (o reino de Moria na
língua dos anões). Escrevendo depois seu nome com uma faca no rosto do velho rei,
Azog mandou um anão que presenciou a cena dizer ao seu povo que eles seriam
tratados da mesma forma se fossem “mendigar” às suas portas.
Ao tomar conhecimento do terrível acontecimento, os anões
reuniram todas suas forças para vingar Thrór e reconquistar Moria.
Os orcs tinham vantagem numérica, mas os anões marchavam com
o brilho da ira nos olhos, e sua excelência no trabalho com metais lhes deixava
incomparavelmente mais bem armados. Entre eles estava Thorin (líder da
companhia em O Hobbit) e neto de Thrór. A primeira investida dos anões foi
repelida, Thorin, assim como seu pai, Thráin, foram obrigados a recuar, com
várias baixas.
O embate foi tão intenso que Thorin teve seu escudo
quebrado, e apesar de ferido, jogou o escudo quebrado fora e cortou um galho de
carvalho que usava como escudo ou clava (daí ser conhecido como “Escudo de
Carvalho”).
Mas essa não foi a única demonstração incomum de valentia
naquela batalha.
Dain Pé-de-Ferro, dos anões das Colinas de Ferro, um anão
considerado adolescente para a contagem daquele povo, viu seu pai ser morto por
Azog, e a fúria incandesceu de tal modo seu coração que o medo ou qualquer
receio foram esquecidos, de modo que Dain enfrentou e derrotou Azog, espetando sua
cabeça numa estaca diante dos portões de Khazad-dûm. (Ao contrário do que é
narrado no filme, em que Azog tem apenas um dos antebraços decepado por Thorin, e continua vivo até os dias de
Bilbo).
Azanulbizar havia acabado, e os anões, vencido. Mas foi uma
vitória com alto custo: cerca de metade dos anões haviam sido mortos e a outra
metade mal podia ficar de pé ou recuperar-se dos ferimentos. Nas palavras do
próprio Tolkien: “o número de mortos ultrapassava o cálculo de sua tristeza.”
Além do mais, os anões sequer entraram em Moria. Quando
Thráin, pai de Thorin gritou “Khazad-dûm é nossa”, Dain o advertiu: “Você não
vai entrar em Khazad-dûm. Somente eu olhei através da sombra do Portão. Além da
sombra ainda o espera a Ruína de Durin.”
Compreendendo o peso daquelas palavras, Thráin voltou-se
para Thorin e perguntou: “Você voltará comigo para a bigorna? Ou prefere
mendigar pão em portas orgulhosas?”
Seu filho lhe respondeu: “Para a bigorna. Pelo menos o
martelo manterá os braços fortes, até que possam empunhar armas mais afiadas.”
E assim se sucedeu de fato. Mas quis o destino, em seus
insondáveis desígnios, que Thorin usasse uma espada feita por elfos, Orcrist,
em élfico, “Racha Orc”.
A propósito, Orcrist, juntamente com Glamdring, a espada que
Gandalf passou a usar, são espadas antiguíssimas cuja procedência é Gondolin, uma cidade élfica da Primeira
Era, citada por Elrond no filme. Adiante, será falado também sobre este tema.
No próximo post, será falado sobre Durin, o tão comentado
ancestral de Thorin.
Fonte: “O Povo de
Durin”, Apêndices de “O Senhor dos Anéis”.
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