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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Lá e de volta outra vez: Erebor



O portão principal de Erebor

O foco principal da aventura narrada em “O Hobbit ou Lá e de volta outra vez” (título do original inglês) é, sem dúvida, a jornada pessoal do hobbit Bilbo Bolseiro, o qual, vencendo seu comodismo, ruma ao desconhecido arriscando a própria vida na esperança de voltar mais evoluído, em vários aspectos.

Consideração confirmada nas palavras de Antero Leivas (2012, p. 61): “A trama de viagem é um dos mais antigos recursos da literatura narrativa e é a base para muitos mitos e contos de fadas, assim como nos romances modernos. (...) A jornada tem uma estrutura psicológica subjacente, serve como símbolo de desenvolvimento.” (Considerações sobre O Hobbit. Revista Fantastik edição especial O Hobbit. São Paulo: Mythos Editora, n. 11, dez. 2012).

Mas O Hobbit fala não apenas da viagem de Bilbo Bolseiro além das fronteiras do Condado e de seu retorno posterior à sua confortável toca.

Outro jornada não menos importante acontece com os 12 anões liderados pelo seu líder Thorin, que junto de Bilbo e Gandalf, rumam para Erebor, outrora seu reino e seu lar.

Ao contrário de Bilbo, que sai do seu lar por uma escolha, os anões são expulsos de Erebor, seu reino sob a Montanha Solitária, pelo cruel dragão Smaug. Deixados à própria sorte, vagando de um canto a outro, Thorin e seus doze fiéis paladinos sempre olharam para aquele pico isolado no norte da Terra Média com o anseio de quem há muito foi privado de sua morada materna.

Sentimento, aliás, lembrado na música tema do filme “Song of the Lonely Mountain” (tradução minha):

“Distante se elevam as Montanhas Sombrias
Deixe-nos contemplar nas alturas
O passado, nós vemos mais uma vez
Nosso reino, uma distante luz.”

Portanto, todo seu esforço, certamente mais longo e penoso do que o de Bilbo, é antes de tudo pela volta para sua casa injustamente tomada.

Dessa forma, a obra remete duplamente a um processo de busca, seja ela interna ou externa, através dos personagens de Bilbo Bolseiro, que espera retornar à sua toca no Bolsão, e dos anões, que pretendem reconquistar Erebor.

No filme, essas duas buscas se evidenciam e se convergem na cena comovente quando Bilbo anuncia aos anões que seguirá com eles até o final, apesar dos riscos, porque ele já tem um lar e gostaria de ajudar os anões a recuperar o seu.

No fim, o que está em jogo na obra parece ser uma única e simples coisa: o lar. O lar de Bilbo, o lar perdido dos anões... ouro, prata, dragão e o Anel se tornam apenas parte da paisagem da estrada que leva de volta para casa – lá (Erebor) e de volta (Condado).

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