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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tolkien: As dificuldades em "pintar" um mundo


 TOLKIEN: AS DIFICULDADES DE “PINTAR” UM MUNDO

Sobre as obras do escritor inglês J.R.R. Tolkien, só pode haver consenso sobre o fato de que as estórias que se desenrolam na “Terra Média” apresentam uma riqueza ímpar de detalhes.
Não por acaso, conceber um mundo desde os mitos de sua criação até os vários seres que o habitam com seus variados costumes e línguas, preencheram intensamente quase toda a vida do escritor, incansável no seu processo de criação e revisão.
Contudo, por mais que certamente quisesse, Tolkien não podia permanecer imerso em sua “Arda” (a Terra) quando os eventos do mundo real exigiam sua atenção e mesmo sua presença arriscada e a contragosto.
Tudo começou nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando, doente no hospital de campanha do Exército britânico, começou escrever “O Simarillion” (criação de Arda, suas raças, revoluções e conflitos até os dias da Terceira Era, quando se passa “O Senhor dos Anéis”) e também esboçar os idiomas élficos.
 Tolkien manteve seu ritmo durante os anos de crise econômica mundial na década de 30, quando publicou “O Hobbit”.
 E, notavelmente durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), época em que seu país era destruído pelos constantes bombardeios nazistas, além dos rigores que o esforço de guerra britânico impunham, o autor finalmente concluiu sua consagrada trilogia na década de 50.
A vida criativa do autor não foi permeada apenas pelas dificuldades históricas da humanidade, mas também por problemas de ordem pessoal, sempre vencidos pela sua tenacidade e paixão pela sua arte.
Apesar de declaradamente não gostar de alegorias (histórias simbólicas), especialmente no que dizia respeito à sua literatura, Tolkien escreveu um conto em que retrata através de seu personagem principal os dramas e impasses que vivenciou enquanto escritor e desenhista (sim, Tolkien também fazia desenhos sobre o que escrevia).
“Leaf by Niggle”, ou “A folha de Niggle”, fala sobre um pintor anônimo, Niggle, que pretende desenhar uma árvore folha por folha, minuciosamente, até ser absorvido por outros detalhes, como a floresta ao redor, tornando o desenho mais complexo e exigindo cada vez mais dedicação de Niggle.
Entretanto, ele adoece e é levado para uma instituição onde precisa se envolver com afazeres alheios ao seu projeto pessoal de desenhar.
Tolkien reconhece a sua relação com o personagem de Niggle em uma carta a Caroline Everett, em 24 de junho de 1957, quando admite a mesma busca por riqueza de detalhes e obstáculos para concluir “O Senhor dos Anéis”.
Amante de árvores, Tolkien intitulou o conto inicialmente como “The Tree” (A árvore). Escrito entre 1938-39 e publicado em 1945, A folha de Niggle é mais comumente encontrado no livro do autor “Tree and Leaf” (Árvore e Folha), ou em coletâneas de ensaios e poemas curtos de Tolkien.
Através de guerras e dificuldades pessoais, Tolkien “pintou” um mundo maravilhoso, em todos aspectos.
Certamente, aqui se observa um novo consenso: valeu a pena.

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